terça-feira, 25 de outubro de 2011

Gravações do Tambor de Mina em 1938, feita em São Luís do Maranhão, no Terreiro Fé em Deus de Maximiliana Silva, bairro do João Paulo.

Em 1938, por iniciativa e patrocínio de Mário de Andrade, então diretor do Departamento de Cultura de São Paulo (atual Secretaria Municipal de Cultura), um grupo de pesquisadores, antropólogos e técnicos percorreu vários Estados do Norte e Nordeste coletando material aúdio-visual, além de artefatos pertencentes a diversas manifestações culturais. Esta iniciativa sem precedentes no Brasil até então ficou conhecida como a Missão de Pesquisas Folclóricas.

A intenção era registrar com a maior riqueza de detalhes possível para a posteridade as diversas manifestações antes de sua total descaracterização com o crescente urbanismo do país à época.

Em sua passagem por São Luís, em meados de 1938, a Missão de Pesquisas Folclóricas fez importantes registros áudio-visuais. Foram registrados o Tambor de Crioula, o Tambor de Mina, o Bumba-meu-boi e o Carimbó.

Muito legal este vídeo que data do início das pesquisas em torno das religiões afro-brasileiras. Cabe destacar que tais pesquisas se iniciaram, na história da antropologia brasileira, nos anos 30 no Recife e no Maranhão, chegando à a Bahia apenas nos anos 40. Vários intelectuais conhecidos contribuíram para a realização e legitimação destes estudos, entre eles estão Mario de Andrade, Solano Trindade e Jorge Amado
O primeiro registro feito em São Luís foi o do Tambor de Crioula, em um terreiro não identificado, no bairro do João Paulo. O Tambor de Mina foi registrado também no mesmo bairro, no terreiro de Maximiliana Silva, como mostra a foto acima de uma participante em transe.

O Carimbó, manifestação marcadamente paraense, também foi registrado em pleno Centro de São Luís, com uma brincante fazendo evoluções coreográficas, acompanhada de um solo de marimba (berimbau). Já o Bumba-meu-boi foi registrado, ao que tudo consta, somente em aúdio, sem maiores identificações; mas tudo leva a crer, através da audição das faixas, de que se trata de algum grupo do Sotaque da Ilha (Matraca), com marcação bem semelhante porém, um pouco mais rústica da notada atualmente.

A Missão de Pesquisas Folclóricas foi responsável pelo 1º registro em mídia dessas manifestações maranhenses e sua contribuição sócio-cultural e antropológica é sem precedentes no Brasil em termos de amplitude e riqueza de material.

Um vídeo sobre o registro do Tambor de Mina em São Luís está disponível no YouTube aos que quiserem se aprofundar mais no assunto
Descrição do Video: Missão de Pesquisas Folclóricas realizada em 1938 pelo Norte e Nordeste do Brasil, por iniciativa de Mário de Andrade, colecionando material áudio-visual das manifestações folclóricas antes de sua descaracterização, provocada pela crescente urbanização do país à época.

Gravação feita em junho de 1938, em São Luís do Maranhão, no Terreiro Fé em Deus de Maximiliana Silva, bairro do João Paulo.

Foi a primeira vez que o Tambor de Mina, culto fetichista afro-religioso maranhense, foi registrado em mídia.
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CINEUNAMA - FILME - PIERRE VERGER: MENSAGEIRO ENTRE DOIS MUNDOS



Cine Unama apresenta esta semana uma programacão especial com o filme "Pierre Verger: Mensageiro entre dois Mundos". O filme marca a presença do cinema na programação do Simpósio "Etno-Cidades - Verbos, Movimentos e Ação", que acontece de 18 a 20 deste mês na Universidade da Amazônia. A projeção do filme acontecerá no dia 19, às 17h, no auditório David Mufarrej, campus Alcindo Cacela, entrada franca.

III CAMINHADA PELA LIBERDADE RELIGIOSA “FÉ E RESISTÊNCIA”


O instituto nacional da tradição e cultura brasileira-INTECAB/PA.
Temos a honra de convida-los para construção da  III caminhada pela liberdade religiosa “fé e resistência”,que acontecerá com seu valoroso apoio e parceria em março de 2012.
O objetivo de nossa caminhada é de reivindicar a liberdade plena de direitos a cidadania religiosa ou não de qualquer natureza.fazer valer a laicidade do pluralismo de nosso país,criar frentes que desenvolvam em suas bandeiras de luta a paz,a relação harmonica entre a diversidade diferenciada de praticantes ou não de credos,numa linha de respeito mútuo do homem pelo homem e suas relações humanas.
A cada encontro nosso,apontaremos as dinâmicas,propostas,infra e formaremos também nossas comissões para os encaminhamentos.
Sua presença é muito importante!

“grande parte da vitalidade de uma amizade reside no respeito pelas diferenças, e não apenas em desfrutar das semelhanças.” (james fredericks)

“tudo que é realmente grande e inspirador é criado pelo indivíduo,principalmente a liberdade”.(albert einstein)
MAMETU KAIANILEJI (KÁTIA HADAD)
DIRETORIA SOCIAL DO INTECAB/PA

FONE PARA CONTATO:88223937-32579036.

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Chega de intolerância religiosa é lema de campanha nacional



Campanha visa mobilizar a comunidade religiosa a defender seus direitos e esclarecer o restante da população que as Religiões de Matrizes Africanas precisam ter seus ritos respeitados e não podem sofrer perseguição religiosa pelo fato de praticar sua fé. O Coletivo de Entidades Negras (CEN), organização política do Movimento Negro que se encontra em 17 estados da Federação lançou em 20 de outubro, a campanha Chega de Intolerância - Não toquem em nossos terreiros em parceria com a agência de publicidade Multiplike - Tecnologia | Informação | Comunicação e com o apoio da agência de notícias Afropress.

Segundo Marcio Alexandre M. Gualberto, coordenador geral do CEN, esta campanha tem como objetivos fundamentais "mobilizar religiosos e religiosas para saírem da passividade e defenderem seus direitos. Nosso povo tem o hábito de esperar que alguém faça por eles, é importante sair do imobilismo e ir à luta". Para o Coordenador Geral, os casos de intolerância religiosa vêm aumentando em todo o país e têm sido frequentes ataques físicos tanto às casas religiosas, quanto às pessoas.

"Enquanto a intolerância religiosa está ligada aos xingamentos ou comportamentos discriminatórios a situação é grave, sem dúvida, mas está num determinado patamar. Quando passa a agressão física, a cusparadas, agressões com a Bíblia, invasão de terreiros, derrubada de muros, queima de santos e mesmo assassinatos como temos visto em Manaus, então é sinal de que estamos mesmo por nossa própria conta e, se não agirmos, seremos sempre as vítimas preferenciais daqueles que querem tornar o Brasil um pais fundamentalista de viés evangélico-pentecostal", afirma Marcio Alexandre.

No dia 20 de novembro, quando ocorre a VI Caminhada Pela Vida e Liberdade Religiosa, em Salvador, haverá o lançamento oficial da campanha que se propõe permanente e em nível nacional.

Contato:

Marcio Alexandre M. Gualberto (Coordenador Geral do CEN) (22) 2664-1213

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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

SÃO LUIS REI DE FRANÇA


DIA 25 DE AGOSTO, DIA DO MONARCA FRANÇÊSSão Luís, Rei de França
Luís IX rei de França de 1226 a 1270, nasceu em Poissy em 25 de abril de 1214, filho do rei Luís VIII e da rainha Blanche de Castile. Seu pai morreu em 126 e Blanche serviu com regente defendendo o trono com considerável energia e sabedoria. Luís casou-se com Margarete de Provence, França em 1234 ( o casal teve 11 filhos) e Luís assumiu o poder em 1234. Ele terminou com varias revoltas no sul da França e derrotou o Rei Henry III da Inglaterra em 1242 e adicionou as suas terras as da França. Em 1248 Luís embarcou na Sétima Cruzada e foi feito prisioneiro pelos Sarracenos em El Mansur no Egito. Após pagar o resgate para ele e seus homens ele foi para a Terra Santa e lá ficou até 1254 quando Blanche morreu .Após voltar a França ele continuou a aumentar o poder da França enquanto construía numerosos edifícios religiosos e instituições educacionais inclusive a igreja de S.Chapelle em Paris para guardar as relíquias sagradas. Ele é conhecido como o protetor do povo comum, e serviu como mediador de questões e tratados entre outras nações. Luís manteve a paz, diminuiu os impostos e melhorou o sistema legal para que o povo mais simples tivesse acesso as leis e ao sistema legal e foi o patrocinador de vários monumentos arquitetónicos e entusiasticamente construiu ou ajudou a construir casas para a Ordem dos Mendicantes.

Ele defendia os ideais mais nobres dos governantes Medievais. Em 1270 Luís de novo, saiu em uma nova Cruzada, mas na Tunísia contraiu tifo e veio a morrer perto de Tunis no dia 25 de Agosto. Foi canonizado em 1297 pelo Papa Bonifácio VIII (1294-1303).


CARTA DE TESTAMENTO DE SÃO LUIS AO SEU FILHO




Meu querido filho , minha primeira instrução é que você ame o Senhor seu Deus com todo o seu coração e toda a sua força .
Sem isso não há salvação. Mantenha-se longe de tudo que Deus não goste ou seja de qualquer pecado mortal. Permita-se ser atormentado por todo e qualquer martírio antes de você cometer um pecado mortal. Se Senhor permitir que você seja testado, aceite com gratitude e com força de vontade, considerando que está acontecendo para o seu bem e talvez você venha de merecer. Se o Senhor tirar de você qualquer tipo de prosperidade agradeça-O humildemente e cuide para que você não se torne pior por causa disso, ou por vaidade ou orgulho ou qualquer outra coisa, porque você não pode se opor a Deus e nem questiona-LO nos seus presentes e dons.

Seja bom de coração e bondoso aos pobres, desafortunados e os aflitos. Dê a eles a maior ajuda que puder e os console se conseguir.

Agradeça a Deus por todos as graças e benefícios que Ele der a você, e faça valer a pena receber maiores graças e benefícios futuros.

Sempre fique do lado dos pobres e não dos ricos até ter certeza da verdade.

Seja devoto e obediente a nossa mãe a Igreja de Roma e ao Supremo Pontífice como seu pai espiritual.

Concluindo queridíssimo filho, eu dou a você todas as bênçãos de um pai que ama pode dar a um filho.

E que a Santíssima Trindade e todos os santos protejam você de todos os demônios. E possa o Senhor dar a você a graça de ser servido e honrado através de você e que na próxima vida nós possamos, juntos, vê-LO, ama-LO e louva-LO sem cessar.

Amen.
O MONARCA FRANÇÊS
Segundo relatos que ouvir de meu saudoso zelador de vodun (Pai Jorge Kadanmanjá) , o nobre Dom Luis participou das cruzadas contra os mouros , onde no final da guerra o Rei da Turquia teria sido aprisionado pelos cristãos.

Para uns o Rei da Turquia teria chegado ao Brasil mais precisamente em águas maranhenses no navio de Dom João e para outros teria chegado prisioneiro do nobre Dom Luis , o que naum deixa de causar uma certa questão de pensamento relacionado a palavra "Exílio".

Ainda existe um outro mito que conta que o Rei da Turquia após a guerra teria chegado em águas maranhenses á procura de 3 princesas que eram suas filhas.
Segundo kadanmanjá, no mesmo tempo em que a Clara Alta dos Santos incorporou o nobre Dom Luis na Casa de Nagõ Abioton, Anastácia Lúcia dos Santos (Akissiobênan Obá Delou) incorporou o Rei da Turquia no Terreiro de Manuel teu santo.

Sendo que Dona Alta passou a ser vondunsi da Casa de Nagô e a primeira a festejar o monarca françês e Dona Anastácia passou a ser vodunsi do outro terreiro citado , onde naum demorou muito a ser extinto levando Dona Anastácia a fundar o Nifé Olorum (Fé em Deus) passando a ser chamada Mãe Anástácia e seu terreiro conhecido popularmente com Terreiro da Turquia ,hoje com 119 anos de fundação.
Pai Jorge contou que antes de falecer Mãe Alta confirmou Dom Luis em sua croa (ory) e que tbm passou a festejar o monarca françês em seu terreiro.

Mãe Alta naum tinha terreiro , em 3 dias festejava o monarca françês durante o dia em sua casa e á noite homenageava seu o nobre gentil Dom Luis na casa de Nagô com toque de Tambor de Mina.


Vivas para o nobre Dom Luis !!!

Doutrina:
I
"O reinado do meu pai é do Maranhão até a França,
Ah!!! o nome do meu pai é Dom Luis Reide França." (bis)


II

"Ele é françês, ele é françês, Dom Luis
é rei de França, ele é françês." (bis)

III

"São 7 rosas, são 7 alianças,
ah!! o nome do meu pai é Dom Luis Rei de França." (bis)


autoria Márcio Arthur
http://discmarcioarthurhotmailcom.blogspot.com/ 

04 DE AGOSTO DE 1578, 433 ANOS DEPOIS.......


Data em que aconteceu a batalha de Alcárcer-Quibir, 78 anos depois da descoberta do Brasil, dia em que desapareceu o nobre El Rei Dom Sebastião em uma tempestade de areia no Marrocos e fazendo surgir nas areias da praia da ilha dos Lençóis,
Ilha dos Lençóis - Cururupu - Maranhão.

o Nobre Senhor do Tambor de Mina e Chefe da Pajélança do Maranhão, encantado em um touro negro com sua estrela reluzente na testa, cuspindo fogo pelas ventas em noites de lua cheia

assombrando tudo e a todos á quem desafiar seu poder e seu encanto, levando a ameaça de por "abaixo a ilha do Maranhão".


Desaparece o monarca do trono português tão esperado por um povo sofrido para surgir um Rei Encantado cheio de mistérios em uma ilha habitada por um povo que também viva na esperança de um dia serem lembrados pelas autoridades competentes, que lutam por uma vida digna, mais humana e justa, que almejam por respeito e igualdade, um povo esquecido pelo "povo" e lembrado e respeitado por um "Rei Encantado".


Ilha dos Lençóis - Cururupu - Maranhão.




Assim nasceu a lenda de El Rei Dom Sebastião.
Assim nasceu o SEBASTIANISMO.

433 anos se passaram depois dessa batalha e poucos falam de um Brasil que completou dia 22 de abril 511 anos mas, muitos falam de um rei que um dia desapareceu em uma batalha no continente africano para construir seu reinado de encantos nas águas do Maranhão.

Nascer do sol na baía de São Marcos.


O blog Òsùmàré além de retratar um breve estorico da vida de baba Fabricio vem ser ser uma homenagem ao grande Rei Encoberto, também serve de elo para ligar amigos, irmãos e parentes carnais, espirituais, desse e de outros estados, desse e de outros países, e continua travando a batalha de Alcárcer -Quibir, mas uma batalha que tem por ideal levantar a bandeira da vitória em prol da PAZ, da IGUALDADE, do RESPEITO, da UNIÃO, e DO AMOR AO PRÓXIMO.

Essa é nossa luta.
E essa é a vontade de nosso Rei.

Vida longa ao Rei!!!
Viva El Rei Dom Sebastião!!!


autoria Márcio Arthur
http://discmarcioarthurhotmailcom.blogspot.com/ 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011


Querebentã de Zomadonu é como é designada a Casa das Minas por aqueles que a instalaram ainda no século XIX. Segundo alguns, a comunidade religiosa mina jeje do Maranhão foi organizada por africanos procedentes do Daomé, atual República do Benim. Para Pierre Verger (1902-1996), o culto foi trazido para o Maranhão pela Rainha Nã Angotimé, que fora vendida como escrava juntamente com outros membros da família real no final do século XIX e princípios do século XX.

Para membros da própria Casa, como Mãe Andresa, em depoimento concedido ainda na década de 1940, o lugar simplesmente teria sido fundado por pessoas que vieram diretamente da África.

Todavia, todo esse patrimônio – tombado pelo Iphan como patrimônio imaterial em 2002 – que fora imortalizado nas páginas de "Os tambores de São Luís", célebre romance do escritor maranhense Josué Montello (1917-2006), corre o risco de desaparecer.

O barco, ou feitoria, ritual de iniciação que prepara novos membros para a Casa, não é realizado pelo menos desde 1913.

Com o barco são preparadas as vodúnsis gonjaís, religiosas que, ao se submeterem ao ritual completo, recebem o seu vodum e uma entidade feminina infantil, a tobossi. Somente depois de receberem esse ritual é que se está apto para preparar novas gonjaís. O tambor de Mina, que integra todo o cerimonial na Casa, pode, talvez, se silenciar para sempre.

Estudiosos e membros da Casa apontam vários motivos para explicar a não ocorrência do ritual.

O antropólogo da Universidade Federal do Maranhão Sérgio Ferreti, estudioso da Casa das Minas há quase 30 anos e que já dedicou vários livros e artigos sobre o assunto, lamenta que tudo isso esteja acontecendo.

Em seu livro, “Repensando o Sincretismo: estudo sobre a Casa das Minas” (São Paulo: USP; São Luís: Fapema, 1995), Ferreti teceu várias argumentações a esse respeito. Primeiramente que a religião, assim como a própria Casa, é bastante fechada – estruturada em relações de parentesco e de organização matriarcal, comandada basicamente por mulheres.

Suas manifestações religiosas sempre foram cercadas por grande segredo. Muitos membros da Casa evitam pronunciar o nome das divindades – às vezes, substituídos por apelidos – ou comunicam-se em língua jeje para não serem compreendidos pelas pessoas mais novas. O mistério com que certos assuntos foram tratados contribuiu para perda de muitos rituais e conhecimentos tradicionais.

Estudiosos como Peter Fry e Reginaldo Prandi, entre outros, argumentam que estaria acontecendo um “suicídio cultural”.

Os membros da Casa também apresentam os seus motivos para não realizarem mais o ritual. Dizem que não houve mais pedido dos voduns para realização do barco. Comentam ainda que no passado foram cometidos vários erros nos rituais de iniciação.

Fatores de ordem econômica e social também são considerados. Em meados dos anos 50, várias fábricas de tecido fecharam suas portas na região e com isso diversos membros acabaram mudando de lugar em busca de melhores oportunidades.

Fala-se ainda em orgulho das pessoas mais velhas que não quiseram transmitir os ensinamentos às mais jovens. A falta de recursos para custear os cerimoniais também é outro problema apontado. Alega-se ainda que muitos não tem mais o compromisso de aceitar as condições que a religião exige, pois segundo os integrantes da Casa, para receber o barco tem que ser pessoas muitos especiais, que tenham responsabilidade e compromisso com os ensinamentos.

O fechamento da Casa divide opinião até mesmo entre os próprios membros. Enquanto algumas vodunsis esperam que continue o seu funcionamento, outras dizem que se for para transmitir para uma pessoa qualquer, é preferível ver a Casa fechada.

Algumas questões étics vivenciadas no contexto das religiões de matriz africanas da Amazônia.

    Assim como as doutrinas religiosas tradicionais (judaicas, cristãs, islâmicas), as religiões de matriz africanas da Amazônia se estruturam em torno de um conjunto de normas, o qual é transmitido por meio da oralidade e deve ser resguardado por seus adeptos; mas também há de se considerar que cada casa de santo se fundamenta a partir de suas próprias normas, podendo, com isso, acatar, reelaborar ou negar àquelas que são mais comuns nos Terreiros. Todavia quero destacar aqui as prescrições que geralmente estão presentes quer seja na Mina, quer seja no Candomblé de Angola.

Enquanto filho-de-santo, tenho observado certos preceitos na constituição dos rituais da Mina. Nos três dias de carnaval e durante Semana Santa, é proibido tocar tambor, ou melhor, não se podem fazer festejos públicos nos terreiros de Mina, porque, como diria Anaíza Vergolino, para muitos terreiros de Belém, especialmente os de Mina-Nagô, a sequência de tempo Carnaval/Quaresma representa a passagem de um chamado “período de euforia” (Tempo do Carnaval) para um “período de meditação” (Tempo da Semana Santa). Esse período de ruptura é marcado por muitas interdições rituais, algumas das quais recaem principalmente sobre o calendário. (HENRY, 1987, p. 60).

E, ainda tratando das proibições litúrgicas da Mina-Nagô no tempo da Semana Santa, eu notei a quebra de um tabu alimentar durante na Quinta-feira Santa, conhecida pelos católicos, como Quinta-feira Santa de lava-pés. Nos cultos de Mina é severamente proibido comer caranguejo, porque, segundo a lenda yorubana, o orixá Obaluaiê (semi-deus africano que representa a força da terra e do sol) teria sido devorado por um caranguejo que quase mata o orixá.

Mas na quinta-feira santa, a maioria dos terreiros de Mina oferece um almoço farto aos filhos e pais de santo: é servida uma feijoada de feijão preto, acompanhada por caranguejos cozidos. Todo que estão ali deve comer caranguejo a vontade, mas com o sentimento de raiva, aplicando muita surra do animal cozido, batendo nele com força. Isso é feito porque nesse dia, em especial, o ato de comer o caranguejo representa que se está enfrentando a morte, arriscando a própria vida, já que ele é um animal que anda para trás e que quase mata um dos maiores orixás da religião africana, o Senhor Omolú. Então, comer caranguejo na quinta santa é uma educação da morte, com a morte e para a morte. (IDEM, p. 63-64). Passado esse período, o tabu do caranguejo para os “mineiros” é restabelecido e mantido até a chegada da quinta-feira santa do ano seguinte.

Outro preceito pertinente não só na Mina, mas também nas casas de Candomblé, é que não se podem manter relações sexuais e nem contato com o mundo externo (fora da casa de santo) durante os chamados períodos de recolhimento. Esses períodos de confinamento do médium na casa de santo correspondem ao preparo do indivíduo para execução de atividades religiosas diversas. Por exemplo, uma pessoa que quer ser filho/a de santo na Mina, fica recolhida durante três dias para “fazer o santo”, ou seja, o pai-de-santo irá assentar a entidade espiritual do aspirante, ensinar os fundamentos básicos do terreiro e começar desenvolvê-lo para o recebimento dos encantados, que foram pessoas que viveram na terra, mas não passaram pela experiência da morte e foram, assim, levados para o mundo da encantaria.

No candomblé de Angola também tive experiências com novos preceitos, os quais se diferenciavam com aqueles aprendidos no contexto da Mina-Nagô. Seja em qualquer circunstância (ritualística ou não), o filho-de-santo sob hipótese alguma poderá sentar em cadeira ou lugares altos que marquem uma posição elevada ou similar ao assento do pai-de-santo. O pai-de-santo é figura máxima do ritual de Candomblé e as práticas dos filhos-de-santo devem voltar-se como um ato de submissão e respeito ao sacerdote da Casa. Geralmente, eu chegava ao terreiro de meu pai e procurava logo uma poti (um banquinho de 30 a 40 centímetros) ou uma esteira para me assentar, mostrando, com isso, obediência aos preceitos da casa.

Também no candomblé existem tabus alimentares que são seguidos a risca. Eu, por exemplo, como filho de Oxalá velho não devo comer comidas com sal, dendê, pimenta. Tudo isso tem uma fundamentação lendária. Contam que Oxalá viajou até o Reino do Oyó, para visitar seu filho, o Rei Xangô. Durante a peregrinação do velho Oxalá, o seu irmão invejoso, o orixá Exú, perseguiu o Senhor do Pano Branco, tentando fazer com que ele não alcançasse o seu objetivo. Exú por três vezes tentou e enganou Oxalá. Exú se passava por mendigo e pedia ajuda para o velho ajudá-lo a carregar o fardo que trazia nas costas. Quando Oxalá se abaixava para juntar o saco exu jogava algo para macular e zombar do Orixá-maior. Oxalá deixou-se enganar por três vezes e Exú sujou as roupas do seu irmão com um desses elementos pro vez: sal, dendê e carvão. Quanto à proibição da pimenta, ela é estabelecida porque é um alimento de Exú, o que representa uma afronta aos filhos de Oxalá. As roupas vermelhas e pretas também são coisas a serem evitadas pelos que trazem esse orixá, pois são cores propriamente de Exú. Se formos observar cada fundamento dos orixás do panteão africano, veremos que cada um traz um bojo de prescrições a serem seguidos pelos seus respectivos filhos-de-santo, para que se mantenha respeito à entidade sagrada que rege a vida de cada um e para que cada um não venha a desenvolver problemas no plano físico e/ou espiritual ao burlar um interdito ligado ao arquétipo do seu orixá.

Tratando ainda sobre a alimentação em relação com o sagrado nos cultos afro-brasileiros, observei a obrigatoriedade de imolar certos animais, que são práticas sacrificais que me remetem ao Ensaio sobre a dádiva, de Marcel Mauss. Nas obrigações ritualísticas do candomblé geralmente se abate certos tipos de animais para um orixá. Meu caso, por exemplo, se eu for raspar para o meu orixá, deverei ficar enclausurado por 21 diais no Inzó (casa de santo), fazer um ebó (espécie de limpeza), arriar comidas do meu orixá, e, principalmente, imolar animais de cor branca como oferenda ao santo que rege a minha cabeça. Mas, em outras circunstâncias, como pedido de uma graça, restabelecimento de saúde etc, pode-se recorrer ao orixá pedindo-lhe o que se deseja, mas para isso deve ser estabelecida uma troca entre o profano e o sagrado e para mostrar a minha aliança com a divindade que me assiste. Pois, como diria Marcel Mauss, “recusar-se a dar, deixar de convidar ou recusar-se a receber equivale a declarar guerra, é recusar a aliança e a comunhão” (MAUSS, 1974).

Retomando a relação filho e pai-de-santo, quero destacar algumas que considero importante, vigente na própria estrutura do ritual de Angola. Durante as festas de orixás, o ritual inicia a partir de cânticos em Bantu, os quais exaltam e chamam os orixás para incorporação nos filhos e pais-de-santo. De acordo com sistema ritual nunca se canta do maior para o menor orixá, a ordem crescente do panteão africano é entoada na cerimônia, ou seja, primeiro se saúda o Exú, depois Ogum, Oxóssi, os outros orixás masculinos e femininos, até chegar a reverência a Oxalá, que tido como o “Pai-Maior” e o mais importantes de todos. Assim como na liturgia dos cânticos, observa-se a mesma estrutura de ordem crescente nas ações litúrgicas dos que dançam no salão. Primeiro, entram de cabeça abaixada e com o corpo encurvado os filhos-de-santo, depois os pais e mãe-de-santo, sendo que dentre estes o último que entra é o dono (ou a dona) da Casa.

Interessantemente que durante meu vivenciamento no Candomblé, observei que os valores da sociedade fora dos limites do terreiro não têm importância alguma para os valores e para a estruturação dos terreiros de Angola. Ou seja, quero dizer que eu entrei no candomblé com uma formação diferente do meu Pai-de-santo; aquela altura eu estava quase me graduando na Universidade e meu pai devia ter no mínimo concluído um ensino médio e isso, sob hipótese alguma me deu privilégios de gozar um status dentro candomblé, muito pelo contrário, ficou bem estabelecida a minha posição de iniciado e que eu deveria me comportar como tal, numa atitude de submissão e respeito aquele que tinha um outro conhecimento religioso que eu não tinha e esse conhecimento e mais os anos de iniciação do meu Pai de santo que faziam toda a diferença nas relações internas da nossa casa de santo. Dizia meu Pai-de-santo que a pessoa poderia até ser doutora, ter muito poder aquisitivo, ser famosa, mas que nada disso importaria para nossa religião e que ela deveria sentar na poti, na esteira e obedecer as normas do terreiro se quisesse fazer o santo.


Bibliografia

HENRY, Anaíza Vergolino. A Semana Santa nos Terreiros: um estudo do sincretismo religioso em Belém do Pará. In: Revista “Religião e Sociedade”, 14/3, 1987.
MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a Dádiva. São Paulo: EPU, 1974.

Nota:
* O presente texto é uma separata do artigo “De católico a candomblecista: relatos experienciais de um religioso”, o qual foi apresentado sob forma de palestra aos graduandos de Ciências da Religião – PAFOR/UEPA, no dia 14/07/2011, ministrada pelo Professor Marcel Franco da Silva.

Por Marcel Franco da Silva
Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião
Universidade do Estado do Pará
E-mail: marcelpa@hotmail.com

quinta-feira, 18 de agosto de 2011



Damballah WeDo?
O grande Pai do Céu, casada com o Erzulie primária e emparelhado com Ayida WeDo, o Rainbow Serpent, Damballah personifica o principal fundacional preceitos de Vodou. Sua cor é verdade neve branca, como o linho em que Hounsi vestido de serviço. O magicval esfera branca é suspensa acima do seu cavalo na posse, para permitir-lhe privacidade e benediction. Portanto, é pura e beneficente Damballah, que ele não necessita de oferecer a não ser uma bacia de água pura e branco puro um ovo em um monte de farinha branca. Eu gosto de pensar em relação a ele que o original ou astrônomo astrólogo. Ele tem perfeito conhecimento dos céus, depois de ter aprendido do presente a partir da tradição Africano chamado NA-Go Oyyo. Em síntese, ele personifica fogo ea água - fogo para a sua serpente poderes de regeneração e de criação, a água, pelo seu profundo conhecimento ou konnisance do mundo e é povos.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O CURADOR MANDUCA E A MÃE D'ÁGUA.

Certa vez, a mais ou menos 5 anos atrás ,fui em um ritual de cura (Pajelança) pois esse ritual sempre me atraiu e fascinou desde de minha infância, muitas das vezes dormir ao som de pandeiros, palmas ,tambores,matracas e chocalhar dos maracás e fiquei até o término do ritual. Conversando com o Mestre Antônio Luis Corre-Beirada pedir á ele que me contasse uma história sobre Mãe d’água e essa história, irei relatar para vcs.

Um curador (pajé) chamado “Manduca” um dia, pela tarde andando pela beira do rio próximo onde morava , avistou uma Mãe d’água, ela estava distraída de costas,tomando banho e ele foi bem devagar,de mansinho e pulou em cima dela e a agarrou pela guelra. (?)
(alguns antigos dizem que as mães d’água tem guelra)
Prendeu a mãe d’água e levou para sua casa, depois que fez isso, correu pelas redondezas o “acontecido” e todos queriam ver a tal da “Mãe d’água”.
O curador manduca a deixou trancada em seu quarto de segredo (um quarto particular que corresponderia á um “peji” nos cultos afro).
A mãe d’água não era como as pessoas imaginavam, metade mulher e metade peixe e sim uma mulher com aspectos normais (pelo menos na aparência), não comia e nem falava.
O curador (pajé) conversava com ela ,mandava andar pelos arredores da casa e nada ela falava ou fazia, apenas observava o curador e sua servente Dona Pupu ( talvez chamava-se Pulquéria ),todo curador tem uma servente ou assistente.
Ela bebia muita água e sempre ficava parada olhando para eles dois.

A FUGA DA MÃE D'ÁGUA.



Depois algum tempo a vizinhança não contendo a tamanha curiosidade começaram a fazer de tudo para olhar a mãe d'água mas,isso sópodeir acontecer epla manhã bem cedo, talvez pelo fato do curador ainda encontrar-se dormindo.

Um dia Dona Pupu estava “tratando peixe” (limpando para cozinhar) e a mãe d’água saiu do quarto e se aproximou da cozinha e ficou observando Dona Pupu.

Quando aproveitou-se da distração da servente e avançou e pegou a guelra do peixe e colocou na boca e saiu correndo desesperada em direção ao rio e chegando ao rio,antes de se jogar dentro d’água ,bateu com a mão para a servente e sumiu ,até hoje........

Depois desse acontecimento a vida do curador Manduca não foi mais a mesma,
e segundo o que disseram foi castigo da Mãe d’água.

Será que ele mereceu???

VERDADE OU MERA CONSCIDÊNCIA?????




No ritual de pajelança (cura), em alguns salões de curadores , quando chegam a linha das mães d'água, uma delas canta a seguinte doutrina:

"Dei um tropeço no caminho, feiticeiro jurou de me apanhar" (bis)
"Ah!! eu sou Mâe d'água, sou encantada , ah!!! eu moro no rolo do mar" (bis)


*teria a doutrina dessa mãe d'água alguma relação com a história contada acima ? ou seria mera conscidência?


Doutrina II

"Mãe d'água preta do rio já vem" (bis)
"Ah!!! ela vai entrar (ou tirar ) no couro , ah!! eu naum sei de quem" (bis)



Seria esse mais um dos muitos mistérios desse mundo fascinante chamado de ENCANTARIA?
NOTA:

Essa história me foi passada pelo encantado Antônio Luis Corre-Beirada em conversa comigo e outras pessoas após um ritual de pajelança.

Essa mesma história foi repassada a Yálôrishá Venina carneiro(Mãe Venina D'Ogun) pelo Babálôrishá e fundador da Casa Fanti-Ashanti Pai Euclides Ferreira (Talabyan) em entrevista de maio de 1987 e encontra-se registrada na obra "MARANHÃO ENCANTADO pag. 51 de autoria da Professora e pesquisadora Mundicarmo Ferreti.
DADOS ESTRAIDOS DA COMUNIDADE ENCANTARIA DO MARANHAO  
autoria Márcio Arthur
http://discmarcioarthurhotmailcom.blogspot.com/ 
 

sábado, 2 de julho de 2011

NOTICIAS

Manaus (AM), 01 de Julho de 2011
Carta aberta N. 02 CARMA/2011
Às Autoridades
Aos Meios de Comunicação
Ao Povo Tradicional de Terreiro
A Comunidade em Geral


Nos últimos 4 meses, no período de março a junho de 2011, a Comunidade Tradicional de Terreiro da Cidade de Manaus foi abalada com o assassinato brutal de 3 sacerdotes de Àsé, sendo um da Nação Ketu, um da Nação Angola e um de Umbanda.
Em ordem cronológica conforme publicado pela imprensa local:
Jornal A Crítica 29 de Junho de 2011
Babalorixá João Gomes da Silva Neto, 48, foi encontrado morto com sinais de espancamento, dentro de casa, na Rua Moisés, comunidade Alfredo Nascimento, Zona Norte. Conforme a polícia, o corpo da vítima estava em avançado estado de decomposição. Ele pode ter sido morto no domingo, 27 (de junho). O corpo de João estava despido e com a cabeça esmagada, provavelmente, por uma pedra, além de várias perfurações no tórax e abdômen. Segundo a polícia, na casa da vítima havia sinais de que ele travou luta corporal com o assassino.
Jornal A Crítica – 1º de maio de 2011
Pai-de-santo Marcelo Santos Aguiar, 44, foi executado com golpes de terçado na madrugada deste domingo (1º) e, depois, enterrado no buraco da fossa da privada que existe nos fundos da casa onde morava, com cerca de um metro de profundidade. Na rua 1º de maio, bairro Nova Vitória, Zona Leste de Manaus, local onde também funcionava o terreiro de Umbanda.
Em Março de 2011
Durante o carnaval foi assassinado o Tata de Nkice Alberto Cecigenan, segundo a polícia por estrangulamento. O crime se deu no Conjunto Cidadão 12 – Zona Norte.
Os três homicídios causaram perplexidade pela crueldade com que foram executados – com fortes evidências de intolerância religiosa e (ou) homofobia, ao mesmo tempo em que causou revolta pela forma com que os meios de comunicação trataram o assunto.
As manchetes de jornal, como sempre, destacaram com pejoração o termo Pai de Santo e os programas de tv, principalmente os de influência evangélica, repercutiram os crimes como consequência da opção da vítima em ser da “macumba” e ser gay.
Com base em informações de Babás e Yás amigos de Babá João Gomes Neto assassinado no dia 27 passado, era costume seu dormir despido, o fato do corpo ter sido encontrado nu não significa dizer que o mesmo estivesse participando de uma orgia sexual gay. Pode ser que o crime tenha sido resultado de um latrocínio e de homofobia, dado os requintes de crueldade.
A CARMA após ouvir suas lideranças na reunião extraordinária realizada no dia 30.06.11, vem a público repudiar essa forma de tratamento sensacionalista, intolerante, homofóbico e racista com que esses crimes foram tratados pelos meios de comunicação e solicita as autoridades competentes como o Ministério Público Estadual e Federal que tomem as devidas providências quanto a esses abusos criminosos e faz destaque ao programa de Tv Comunidade Alerta, Tv Rio Negro, Canal 13 - BAND, apresentado pelo “radialista” (sic) Ronaldo Tabosa. Evangélico assumido que usa do espaço de comunicação concedido pelo Estado para fazer proselitismo e atacar o Povo Tradicional de Terreiro e os homossexuais.
A CARMA solicita o acompanhamento dos inquéritos e processos dos assassinatos pela Comissão de Direitos Humanos da OAB, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, Secretaria de Promoção de Políticas da Igualdade Racial da Presidência da República – SEPPIR e da Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça.
Também alerta para a tênue diferença entre os crimes de homofobia e intolerância religiosa, bem como para a grande incidência de crimes cometidos onde essas duas formas se fazem presentes ao mesmo tempo. Alerta ainda para os incentivos diretos e indiretos aos vários tipos de intolerâncias, tão presentes nos sermões e pregações em ambientes públicos e privados das igrejas hebraico-cristãs, em especial as neo-petencostais.
Tudo isso sob o olhar inerte do Poder Público e da obsequiosidade das conveniências Politico-Partidárias.
Denuncia ainda a crescente banalização e descaso por parte das autoridades policiais e do Judiciário, nos casos de crimes que envolvem pessoas pertencentes ao Povo Tradicional de Terreiro e a grupos homossexuais. Tais crimes são atribuídos ao fato das vítimas pertencerem a esses dois seguimentos da sociedade, assim sendo elas apenas teriam colhido os frutos de suas escolhas sexuais e religiosas.
Por serem as vítimas “macumbeiras e gays” caem no rol do silêncio e do esquecimento como foram os casos dos assassinatos dos Babás Ruy de Xangô e Navarro da Preta Mina. Até hoje não se tem notícias dos assassinos nem dos processos.
A CARMA, em nome do coletivo, exige o respeito, atenção e medidas legais cabíveis tanto da Sociedade como um todo quanto das Autoridades competentes.
O Povo Tradicional de Terreiro é parte integrante da sociedade brasileira, ele paga seus impostos mas não tem seus direitos a cidadania plena respeitados.
Chega de sermos tratados de forma leviana e banal.
Em nome do Coletivo.
Vòdunsí Re Rohsovi Alberto Jorge Silva
Coordenador Geral da CARMA.

terça-feira, 7 de junho de 2011

UM POUCO DA ORIJEM DA ENCANTARIA

Encantaria
O culto dos encantados é parte muito importante do tambor-de-mina, estando ausente apenas na Casa das Minas. Como os voduns, os caboclos ou encantados estão reunidos em famílias, algumas delas características de certas casas, como o centenário Terreiro da Turquia, onde caboclos turcos ou mouros são as entidades mais importantes do culto. O nome caboclo, usado genericamente para se referir a um encantado, não significa tratar-se de entidade indígena (Ferretti Mundicarmo, 1993, 1994).
Enquanto as danças para os voduns são realizadas ao som de cânticos (doutrinas) em língua ritual de origem africana, hoje intraduzível, os encantados dançam ao som de música cantada em português.
Entre as muitas famílias de encantados destacam-se as seguintes, com os seus encantados principais, embora possa haver variação de um terreiro a outro. Observe-se que a classificação dos encantados aqui apresentada está de acordo com pesquisa de campo na Casa das Minas de Tóia Jarina, complementada com algumas informações dadas por Mundicarmo Ferretti em Desceu na guma. Há casos em que a classificação da Casa de Tóia Jarina pode não coincidir com a de fontes maranhenses de Mundicarmo Ferretti.
Família do Lençol. O nome é uma referência à Praia do Lençol, onde se acredita teria vindo parar o navio do Rei Dom Sebastião, desaparecido na Batalha de Alcacerquibir. É uma família de reis e fidalgos, denominados encantados gentis. Dona Jarina é a princesa encantada do Lençol que dá nome ao terreiro de mina de São Paulo, a Casa das Minas de Tóia Jarina. Seus principais componentes são:
a) os reis e rainhas: Dom Sebastião, Dom Luís, Dom Manoel, Dom José Floriano, Dom João Rei das Minas, Dom João Soeira, Dom Henrique, Dom Carlos, Rainha Bárbara Soeira.
b) os príncipes e princesas: Príncipe Orias, João Príncipe de Oliveira, José Príncipe de Oliveira, Príncipe Alterado, Príncipe Gelim, Tói Zezinho de Maramadã, Boço Lauro das Mercês, Tóia Jarina, Princesa Flora, Princesa Luzia, Princesa Rosinha, Menina do Caidô, Moça Fina de Otá, Princesa Oruana, Princesa Clara, Dona Maria Antônia, Princesa Linda do Mar, Princesa Barra do Dia;
c) os nobres: Duque Marquês de Pombal, Ricardinho Rei do Mar, Barão de Guaré, Barão de Anapoli. As cores da família são azul e branco para os encantados femininos e vermelho para os encantados masculinos.
Família da Turquia. Chefiada pelo Pai Turquia, rei mouro que teria lutado contra os cristãos. Vindos de terras distantes, chegaram através do mar e têm origem nobre. Seus principais componentes são: Mãe Douro, Mariana, Guerreiro de Alexandria, Menino de Léria, Sereno, Japetequara, Tabajara, Itacolomi, Tapindaré, Jaguarema, Herundina, Balanço, Ubirajara, Maresia, Mariano, Guapindaia, Mensageiro de Roma, João da Cruz, João de Leme, Menino do Morro, Juracema, Candeias, Sentinela, Caboclo da Ilha, Flecheiro, Ubiratã, Caboclinho, Aquilital, Cigano, Rosário, Princesa Floripes, Jururema, Caboclo do Tumé, Camarão, Guapindaí-Açu, Júpiter, Morro de Areia, Ribamar, Rochedo, Rosarinho. São encantados guerreiros e sua cantigas falam de guerra e batalhas no mar. Dizem que nasceram das ondas do mar. Uma doutrina de Mariana, a cabocla turca que comanda a Casa das Minas de Tóia Jarina, em São Paulo, diz: Sou a cabocla Mariana / Moro nas ondas do mar/ He! faixa encarnada/ Faixa encarnada eu ganhei pra guerrear. Alguns dos encantados turcos têm nomes que lembram postos de guerra ou de marinheiro, outros, nomes indígenas. Algumas dessas entidades, como na Família do Lençol, estão ligadas às narrativas míticas das Cruzadas e das gestas de Carlos Magno, muito presentes na cultura popular maranhense. São suas cores: verde, amarelo e vermelho.
Família da Bandeira. Família de guerreiros, caçadorese e pescadores chefiada por João da Mata Rei da Bandeira, tendo como componentes Caboclo Ita, Tombacé, Serraria, Princesa Iracema, Princesa Linda, Petioé, Senhora Dantã, Dandarino, Caboclo do Munir, Espadinha, Araúna, Pirinã, Esperancinha, Caboclo Maroto, Caçará, Indaê, Araçaji, Olho d’Água, Espadinha, Jandaína, Abitaquara, Jondiá, Longuinho, Vigonomé, Rica Prenda, Princesa Luzia, Princesa Linda, Tucuruçá, Beija-Flor, Jatiçara, Pindorama. São encantados nobres e mestiços. Suas cores: verde, branco, amarelo e vermelho.
Família da Gama. São encantados nobres e orgulhosos. Seu símbolo é uma balança. São os encantados: Dom Miguel da Gama, Rainha Anadiê, Baliza da Gama, Boço Sanatiel, Boço da Escama Dourada, Boço do Capim Limão, Gabriel da Gama, Rafael da Gama, Jadiel, Isadiel, Isaquiel, Dona Idina, Dona Olga da Gama, Dona Tatiana, Dona Anástácia. Cores: vermelho e branco.
Família de Codó ou da Mata de Codó. Município do interior do Maranhão, Codó é um importante centro de encantaria do tambor-de-mina. Seus caboclos, em geral negros, têm como líder Légua-Boji. Segundo Mundicarmo Ferretti, “são entidades caboclas menos civilizadas e menos nobres, que vivem, geralmente, em lugares afastados das grandes cidades e pouco conhecidos e que costumam vir beirando o mar ou igarapés”`(Ferretti Mundicarmo, 1993: 112). São eles: Zé Raimundo Boji Buá Sucena Trindade, Joana Gunça, Maria de Légua, Oscar de Légua, Teresa de Légua, Francisquinho da Cruz Vermelha, Zé de Légua, Dorinha Boji Buá, Antônio de Légua, Aderaldo Boji Buá, Expedito de Légua, Lourenço de Légua, Aleixo Boji Buá, Zeferina de Légua, Pequenininho, Manezinho Buá, Zulmira de Légua, Mearim, Folha Seca, Maria Rosa, Caboclinho, João de Légua, Joaquinzinho de Légua, Pedrinho de Légua, Dona Maria José, Coli Maneiro, Martinho, Miguelzinho Buá, Ademar. Cores: mariscado de Nanã, marrom, verde e vermelho.
Família da Baia. São os caboclos baianos também popularizados através da umbanda, mas o tambor-de-mina não os reconhece como originários do Estado da Bahia, mas de uma baia no sentido de acidente geográfico ou de um lugar desconhecido existente no mundo invisível. São eles: Xica Baiana, Baiano Grande Constantino Chapéu de Couro, Mané Baiano, Rita de Cássia, Corisco, Maria do Balaio, Zeferino, Silvino, Baianinho, Zefa e Zé Moreno. Brincalhões e muito falantes, os baianos mostram-se sensuais e sedutores, às vezes inconvenintes. Cores: verde, amarelo, vermelho e marrom.
Família de Surrupira. Família de caboclos selvagens, como índios. Feiticeiros e “quebradores de demanda”: Vó Surrupira, Índio Velho, Surrupirinha do Gangá, Marzagão, Trucoeira, Mata Zombana, Tucumã, Tananga, Caboclo Nagoriganga, Zimbaruê.
Outras famílias de encantados: Família do Juncal, de origem austríaca; Família dos Botos; Família dos Marinheiros, cujo emblema é uma âncora e um tubarão; Família das Caravelas, que são peixes do oceano e não devem ser confundidos com a embarcação; Família da Mata, à qual pertencem muitos caboclos cultuados também na umbanda, como Caboclo Pena Branca, Cabocla Jacira, Cabocla Jussara, Sultão das Matas, Caboclinho da Mata, Caboclo Zuri e Cabocla Guaraciara.
A Casa das Minas de Tóia Jarina
Em 1964, Francelino, um jovem paraense de 15 anos, nascido na Ilha de Marajó, foi iniciado para vodum no tambor-de-mina na cidade de Belém, capital do Pará, por Mãe Joana de Xapanã (To Azonposiboji), originária do tambor-de-mina de São Luís e falecida em 2 de julho de 1971. Pai Francelino (To Akósakpatá Azondeji) tem como seu vodum de cabeça o mesmo de sua mãe, Xapanã, divindade ligada às doenças e sua cura. Seu segundo vodum é Sobô, divindade do raio. A encantada Dona Jarina é o guia que mais tarde será a dona de sua casa em São Paulo, casa governada pela cabocla turca Dona Mariana, que presidirá a maior parte dos ritos no terreiro paulista. Mãe Joana celebrou as obrigações de Francelino até a do sétimo ano.
Com a morte de Dona Joana, Francelino foi adotado por Pai Jorge Itacy de Oliveira (Ka Dam Manjá), do Terreiro de Iemanjá, de São Luís do Maranhão. Pai Jorge foi iniciado em 1956 no Terreiro do Egito e sua casa tem grande prestígio. Com Pai Jorge, em 1978 e 1985, Francelino deu as obrigações de 14 e 21 anos.
Em 1974, Francelino saiu de Belém e mudou-se para o Rio de Janeiro, transferido a pedido pela SUDAM para o escritório do Rio. Entre 1978 e 1980 residiu em Curitiba, Paraná, onde iniciou uma casa-de-santo, mas foi em São Paulo que acabou se fixando. Em São Paulo, em 1977, estabeleceu-se como Tói Vodunnon, isto é, pai-de-vodum ou pai-de-santo em língua ritual jeje, mas continuou a residir em Curitiba até 1980, quando se mudou definitivamente. Seu terreiro recebeu o nome de Casa das Minas de Tóia Jarina (Kuêbe Axé To Vodum Odam Azonce), em homenagem ao seu primeiro guia espiritual, Tóia Jarina, ou Mãe Jarina, a jovem princesa encantada da Família do Lençol, que Francelino recebeu quando tinha 12 anos de idade. Assim os deuses africanos do Daomé aclimatados em São Luís do Maranhão, partindo de Belém do Pará, vieram a se estabelecer em São Paulo.
O terreiro de Dona Jarina, que se define como casa de culto mina-jeje, mina-nagô e encantaria, esteve em vários endereços (bairros de Casa Palma, Vila Campestre, Jardim Luso) até instalar-se no Jardim Rubilene em 1983, onde permaneceu por dez anos. Em 1993 mudou-se para a Rua Itália, 462, no bairro Jardim das Nações, município de Diadema, com instalações especialmente construídas para o terreiro, onde se encontra até o presente.
A exemplo dos candomblés, as instalações físicas do terreiro lembram um compound africano, com um barracão central para as danças, seis pequenas casas reservadas para as diferentes famílias de divindades (onde os assentamentos das divindades são mantidos fora do alcance da curiosidade dos não-iniciados), uma pequena capela com altar católico e uma construção com cozinha, sala de estar e quartos para dormir e vestir, além das dependências em que os iniciados ficam recolhidos durante suas obrigações, a clausura. Há também o quarto de Legba, o quarto reservado ao culto dos antepassados da casa e um pequeno jardim em que se cultivam plantas sagradas.
Em São Paulo Francelino iniciou seus filhos, ensinou aos tocadores de tambor os ritmos da mina, construiu uma grande rede de clientes, estabelecendo contato com lideranças da umbanda e de várias nações de candomblé. É Coordenador em quarto mandato da Coordenação Paulista do INTECAB (Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileira), instituição que reúne as nações de candomblé e umbanda, milita em federações de umbanda e está presente em rádios e publicações religiosas. Com o tempo tornou-se personalidade conhecida e respeitada entre o povo-de-santo paulista.
Rede de Juventude de Matriz Africana e Terreiros do RN

Convoca a todos os membros para Reunião Extraordinaria que realizar-se-a no ÌLE ÀSE ÒSÙMÀRÉ
casa de baba Fabricio de Òsùmàré
no dia: 19\06\2011
As: 9:00H
Endereço: Rua Bandeirante Manoel Borba Gato Nº 558a (JARDIM LOLA)
proximo ao Bradesco do Igapó.
Pauta: STATUTO DA REDE. INFORMES.

CONTAMOS COM SUA PRESENÇA

OBS: A DATA FORA ALTERADA POR MOTIVOS PARTICULARES.
POIS HAVERA FUNÇOES INTERNAS NAS CASAS DE ÀSE NA DATA ANTERIORMENTE MARCADA.
AGRADECEMOS A COMPREENÇAO DE TODOS