Esù
é o Dono do Assovio e assoviar é provocá-lo. Seus assovios são intempestivos e
penetrantes de tal maneira que assustam os velhos, que estes não se atrevem
jamais a assoviar, com medo que Esù responda. É ele quem assovia nas paragens
desertas e nas casas abandonadas, como se sabe, a noite é o domínio de
“entidades” de todos os tipos, mas durante o dia há horas perigosas que convém
levar em conta: o meio-dia e às seis da tarde, quando vagam algumas “entidades”
durante alguns momentos e nestes horários Esù abandona as portas e as casa
ficam sem defesa, se assoviarem durante este período, qualquer um destes poderá
entrará na casa... Esta é a razão pela qual se verte água na porta da rua e
ninguém deve entrar ou sair de uma casa nestes horários. A meia-noite a pior de
todas as horas, já transitam Egungun, Èsù e Àjés com toda liberdade, então em
hipótese alguma assovie, sobre tudo em altas horas da noite... Esù está
difundido por todas as partes “em uma rede numerosa”, todos se comunicam entre
si, se enganam mutuamente – “o Esù da porta, quando recebe a oferenda de um
animal destinado somente ele, dá um jeito de afastar o Esú da esquina” - ou se
solidarizam uns com os outros por vingança. O que guarda a porta confabula com
o da esquina, o da esquina com o dos quatro caminhos, o dos quatro caminhos com
o da floresta e assim sucessivamente... Desta forma é necessário que o da porta
esteja satisfeito, “que seja ofertado antes de todos” conforme dispôs Olófin,
segundo certas versões de Ifá e de acordo com outras, para que não atrapalhe a
trajetória normal da vida e para que este Esù não assovie para o Esù da
esquina, o encrenqueiro e revoltado, o qual, por sua vez, não assoviará para o
Esù dos quatro caminhos e este, para o Esù da Floresta e assim por diante... Se
o da porta assoviar e se eles acudirem a seu chamado, todos se introduzirão
numa casa e nela ocorrerá alguma tragédia lamentável. “Para aquele que assovia,
todos os Esù entendem que lhe estão chamando para adentrar a casa e a pessoa
padece as conseqüências... É essencial contentar Esù e não provocá-lo com
assovios ou com qualquer outro tabu... Emboscados em cada caminho, dispões de
nossa vida em todos os momentos, pode jogar com ela como bem entender. Dono das
chaves que “abrem e fecham os caminhos e portas”, do Além e da Terra, aos
Deuses e Mortais... e as abre e fecha à sorte e à desgraça, segundo seus
caprichos... embora pequeno, temos de considerar Esù, sem discussão, o mais
temível dos Òrìsà... Então para minha felicidade... eis que surge uma nova
pergunta: Baba! Então porque Òsányín assovia? Este direito lhe é concedido
porque Òsányín pertence à família de Esù. Embora parente não seja e de forma
alguma um “caminho de Èsù” e sim uma Divindade totalmente distinta, assim como
Ale “o inventor da aguardente” também pertence a esta família, mas não é Esù. Se
por um descuido você assoviar na mata se apresentarão Òsányín e Esù e a eles
você deverá prestar conta do chamado deixe
esta prática de assoviar na floresta para os caçadores e admiradores de
pássaros silvestres.
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