Talvez a antropóloga Ruth Landes tenha exagerado ao chamar Salvador de “A cidade das mulheres”, em 1938, destacando o matriarcado exercido pelas damas do candomblé jeje-nagô da capital baiana. Exagerado por fazer crer a muitos incautos ou leitores precipitados, que na Bahia o poder de ordem política, em toda nossa sociedade, era exercido por mulheres.Contudo, a experiência religiosa no universo af...
obs; dados estraidos do face de oba faloyà
ro-brasileiro, garantiu a muitas mulheres, entre elas as chamadas negras do Partido Alto, endinheiradas através de atividades comerciais, e as líderes espirituais que ficaram (e são) conhecidas como mães-de-santo, o exercício do poder comunitário e a preservação da ancestralidade e da geração de sobrevivência para muitos humanos negros, que se viam apoiados e socializados nos espaços destinados ao culto aos orixás, o terreiro.
Não se pode pensar em candomblé, essa religião criada por nossos irmãos africanos no Brasil, sem destacar-se a figura feminina, sem priorizar, no interior desta religião, o poder inalienável da mulher. O candomblé baiano é uma seara de feminilidades e feminilizações; a natureza deste culto, voltado à possessão e a todos os elementos naturais que regem a vida em nosso planeta, finca-se numa conformação sócio-existencial, na qual o feminino é fundamental na tarefa de religar o humano aos seres etéreos do Orun (o céu do povo-de-santo) e assim realizar, entre os vivos, a satisfação espiritual.
Destas mães brotam mananciais de poder personificado em sabedoria litúrgica. O sentido agregador daquilo que o mestre Vivaldo da Costa Lima chamou de família-de-santo, se estruturou melhor nas zonas de domínio sócio-espiritual onde o comando era exercido por uma mulher, reconhecida por sua iniciação no culto jeje-nagô.
É claro que grandes mães-de-santo também representam o modelo congo-angola na Bahia; não se pode esquecer Mirinha do Portão; nem atualmente ocultar o nome da grandiosa Zulmira, em Lauro de Freitas, que teve como uma de suas iniciadoras Gaiaku Luiza. Nem se deve desprezar o masculino no candomblé, jamais. A harmonia desta religião centra-se no equilíbrio entre feminino e masculino, onde cada papel de gênero deve ser exercido ritualisticamente de acordo ao “sexo” que define humanos e divindades.
E dessa luz-mulher que jorra dos nossos terreiros, alguns nomes não podem ser esquecidos: mãe Aninha, mãe Pulchéria, mãe Senhora, Gaiaku Luiza, e mãe Menininha, entre as mortas; realçando as vivas, mãe Stella de Oxóssi, íntegra representação do poder feminino; mãe Tatá de Oxum, mãe Cutu de Ogum, mãe Lelu de Iemanjá Ogunté, rainha no Pau Miúdo; mãe Val de Airá, a nobreza do Terreiro do Cobre; mãe Helenice de Oxum, mãe Gitolu, mãe Zulmira de Nanã e Carmélia de Oxaguian. As poderosas da Bahia.
(Publicado no Opinião do A Tarde em 06/03/2008)
Não se pode pensar em candomblé, essa religião criada por nossos irmãos africanos no Brasil, sem destacar-se a figura feminina, sem priorizar, no interior desta religião, o poder inalienável da mulher. O candomblé baiano é uma seara de feminilidades e feminilizações; a natureza deste culto, voltado à possessão e a todos os elementos naturais que regem a vida em nosso planeta, finca-se numa conformação sócio-existencial, na qual o feminino é fundamental na tarefa de religar o humano aos seres etéreos do Orun (o céu do povo-de-santo) e assim realizar, entre os vivos, a satisfação espiritual.
Destas mães brotam mananciais de poder personificado em sabedoria litúrgica. O sentido agregador daquilo que o mestre Vivaldo da Costa Lima chamou de família-de-santo, se estruturou melhor nas zonas de domínio sócio-espiritual onde o comando era exercido por uma mulher, reconhecida por sua iniciação no culto jeje-nagô.
É claro que grandes mães-de-santo também representam o modelo congo-angola na Bahia; não se pode esquecer Mirinha do Portão; nem atualmente ocultar o nome da grandiosa Zulmira, em Lauro de Freitas, que teve como uma de suas iniciadoras Gaiaku Luiza. Nem se deve desprezar o masculino no candomblé, jamais. A harmonia desta religião centra-se no equilíbrio entre feminino e masculino, onde cada papel de gênero deve ser exercido ritualisticamente de acordo ao “sexo” que define humanos e divindades.
E dessa luz-mulher que jorra dos nossos terreiros, alguns nomes não podem ser esquecidos: mãe Aninha, mãe Pulchéria, mãe Senhora, Gaiaku Luiza, e mãe Menininha, entre as mortas; realçando as vivas, mãe Stella de Oxóssi, íntegra representação do poder feminino; mãe Tatá de Oxum, mãe Cutu de Ogum, mãe Lelu de Iemanjá Ogunté, rainha no Pau Miúdo; mãe Val de Airá, a nobreza do Terreiro do Cobre; mãe Helenice de Oxum, mãe Gitolu, mãe Zulmira de Nanã e Carmélia de Oxaguian. As poderosas da Bahia.
(Publicado no Opinião do A Tarde em 06/03/2008)
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