quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Egungun Babá Obá Olá
EGUNGUN - Nomes, Famílias, Rituais e OrikísNo ritual de Egungun, reside um dos maiores mistérios da cultura e ritualística Yorubana e Dahomeana. O culto ao Egungun, é um culto aos antepassados das pessoas falecidas que eram iniciadas no ritual dos Orixás ou Voduns ou ainda, no próprio ritual de Egun. Este ritual não é uma propriedade africana única. No Japão, existe uma semel...
hança no culto aos antepassados também, e que é de prática nacional. É tão sério e popular, que consegue manter a nação unida em torno desta prática. A única diferença entre estes dois cultos é que no Japão não existe a materialização dos antepassados, enquanto que na Nigéria, no Togo, Benin e Brasil, estas "aparições" são comuns e visíveis a todos os presentes.

É também comum na Nigéria vê-se os Ojés (sacerdotes de Egungun), provocando estas materializações, quando jogam várias roupas (axós - trajes) de Egungun no chão e minutos após, estas começam a inflar e tomar formatos humanos como se corpos existissem dentro de cada uma delas. Tais fenômenos acontecem em plena luz do dia, na rua e diante dos olhos de todos. O ritual começa no Ojubó (camarinha secreta), com oferendas, local onde as roupas são abençoadas e recheadas dos "axés"(força e poder), do ritual. Posteriormente, é feita a oferenda de um "agutã"(carneiro), sobre o "gbodô (pilão) o qual será levado à praça pública e invertido no chão, ou seja, colocado de cabeça para baixo. Após tais atos o Ologbô (sumo sacerdote de Egun) manda distribuir as roupas de cada Egungun que irá se materializar, no chão separadas a cada três metros. Ato contínuo, começam as cantorias sob o rítimo frenético dos "abados" (abanadores de palha) batidos em bocas de porrões" (grandes vasos de barro com bocas largas), acompanhados por "gans e agogôs" (sinetas de metal). - Tudo isto segue uma ritualística e está rigidamente dentro de uma hierarquia milenar.

Os "cargos" (títulos sacerdotais) estão dentro de uma nominação que assim está determinada em escala ascendente: 1 Ojé - 2 Eiedun - 3 Ojé Lese Egun - 4 Ojé alagbá - 5 Alapini - 6 Alagbá e 7 Ologbô. - O ritual é masculino e só permite a entrada de mulheres que sejam filhas de Oyá (Iasan) Igbalé, Oyá Zagan, Oyá, Messe Egun, Oyá Tolú e Oyá Izô. Existe um cargo intermediário com o nome de "Ojé Lesse Orisá", que determina uma intermediação entre o Egungun e o "sirê" (toque) de Orisás ligados aos antepassados. Este cargo e ritual fica mais encravado no ritual de Geledê" da raiz Jêje.
RitualO ritual é complexo e exige uma iniciação demorada para aqueles que dele querem fazer parte. A Invocação chamada "Zerim" ou "Sirrum" consiste de cantigas ancestrais de louvação a cada Egun Babá e tem como base sonora os potes (porrões) de boca larga, agogôs, cabaças e "oberós" (alquidares) com água. Alguns "ilús" (tambores) também são usados e se diferenciam dos demais por serem cobertos com couro de "agutan" (carneiro). As roupas pertencentes aos Babás (pais) são confeccionadas em lantejoulas, vidrilhos, canutilhos, espelhos, cetim, telas e uma mistura de tecidos variados contrastantes entre si. Estas roupas não têm aberturas e são totalmente fechadas da cabeça (que varia de tamanho e formato), até os pés.O ritual começa no barracão com as chamadas e as roupas jogadas no chão ou dependendo da "casa", as roupas ficam dentro do "Ojubó" e à medida que os Babá vão chegando, estas roupas vão inflando e tomando seus formatos humanos(?), andando e falando. É comum ver-se um Babá sentar-se em um trono e gradativamente começar a desinflar até esvasiar a roupa, diante de todos os assistentes. Cada Babá tem a sua peculiaridade, sua cantiga própria, sua entonação de voz, sua roupa e sua linhagem totêmica. Também materializam presentes que deixam para seus filhos e amigos.

Os Babás não devem ser tocados por mão humana e para tanto são dirigidos durante suas apresentações por Ojés que têm nas mãos os "Inxans" (vara de amoreira) que os conduzem com pequenos toques. Porém, não raro, tanto na Nigéria como no Benin ou Bahia, algumas vezes os Babás permitem que alguém lhes apertem um braço ou uma mão para que todos tenham a certeza de que não existe uma pessoa dentro daquela roupa. Os Babás gritam e falam geralmente no dialeto Yorubá Castiço ou Ewe, no que é traduzido pelo Ojé que o acompanha. Os Babás atendem a pedidos mediante a entrega de oferendas (presentes) de momento com os mesmos escritos ou falados durante a cerimônia.
BABÁS EGÚNS FAMOSOS - Nigéria - Benin - Bahia - PernambucoEstes são alguns dos Babás Egungun mais famosos no eixo África - Brasil.
Ojé Ladê - Opetenan - Fatunuké - MamaTeni - Atô - Arô - Ologbojô - Aguian - Baká Baká - Alapiagan - Jootolú - Obilaré - Okin - Arisojí - Ode Layielú - Oba Olá - Oyá Biyí - Lapampa - Sembé - Aparaká - Olúlu - Oyé Ati - Élewe - Alarinsó - Ajóbiéwe - Ajofoyinbó - Aiyegunlá - Alapansanpa - Elegbodó - Awuró - Ijépa - Épa - Élé Fin - Ilóró - Pepéiye - Olókótun - Nouvavou - Mazaca - Zazi Boulonin - Zantahí - Wawá - Nibho - Rataloni - Obé Erin - Ólójé - Ólóhan - Olóbá - Aládáfa - Eléfí, Babá ALAPALÁ e Babá BANBUSHÊ ADINIMÓDÓ.

Estes são os mais famosos Babás do ritual de Egungun do Brasil e na África e, que, de uma certa forma "capitaneiam" os destinos das pessoas e por quê não dizer, o destino do Brasil.
Cantigas Secretas de EgungunRitual Jêje - (Sirrum)
Saudação:Do manã Avalú elo ô,Do manã Avalú jé roissôNainhê jí tu sabé deinhoDo manã Avalú já roissôSokó BeréIná SakóeréEtú nainhê sobe deinhóDo manan Avalú já Roinssó

Invocação:Avalumã, shenuê e shenuêShenuê, shenuê e, shenuê Avalumã shenuê ago no shokotô
Houn já fineuá e, fineuáFineuá fineuáAgô no shokotô.
E azan barékessé...zanAzan berekessé..zanAzan bá Egun
Obé ké makundoKunjala, jála obéObé ké makundo
Egun ma houn belé Rekanssô marruôHoun Belé Sogbô, hounbeléMa houn belé rakanssô marruô
Aziri in mamú êAziri in mamu áIdabaê, Aziri in mamí á

Ritual Yorubá - (Zerin)Invocação: Murace bí Babá Kosé bé MuracebiBabe KoséYá mofú inãYá ko izô Yá kosé béYá kota d´ele seO murecebi Babá Kosé
Ikú to loxê AparakáIkú to loxê Aparaká,E a larê,Ikú oló re ô

Jêje - Yorubá Invocação: Mauá, Mauá, MauáVodunci ilê MauáVodunci ilá MauáLése Korré zó

ORIKY EGUN
Reza secreta YorubanaEgun ayiê Ixibó Orún Móju Baré!!!Sún ré òkún, òrun súnré ô Órun re o, òkún, òrun, òrun re o,Òkú ló gvéré a ko ri i móAkikanjú p´arada a kò bgohun ré,Erín wo, erin ló,Ajànàkú subu kó lê g´ókéEni rené ló s´ájulé órunSun´ré o, Éni rere sùn ré o.
Bi ikú ba ngbowóA ba fun um l´ówóBi ikú si ngb´ébóA ba ra agbó funfun nìkinkìnA ba ni ki ikú o gbá ko s´íjúKo féni rere lê kó jé kó péKo feni rere lê leigbá èmi réSún´ré o, Éni rere sùn´ré o.
Ikú t´ó fó niká silé t´o um éni rereBi ikú ba maa gbó a ba bé ikúA ba dóbálé niwajú ÉlédáA ba fi fere kórin àilónkaA ba ke pe ikú ko sáánúKo fi omo sílé fun abiyamóSugbón ilú di´´tí kó gbóhùnSún`re o, éni rere sùnre o.
Ikú fó`jú kó riramIkú féni búburú silé, o um éni rereBi ikú ba ti de ko gbó´oógun móÉni kú s´ébó tánO simi o si bó Iówó iyónuO di ebóra fun ómó arayéO di òken nin awón Màleká ode-orunSun `re o, éni rere sun´´re o,Kíni a ba wi, kini a ba só ?Kini a ba fi sé ètùtù nlá yi ?Ká tu ikú l´ójú k´a ye isókun ojú
K´a ba adájó ti nda ti a kó le riIkú ti nmu´ni l´ohún, mu´ni léegun ara,O mú´ni wó iínu ilé, a kó re i imóO mu´ni wó iyéwu ré kó padá bóSun´re o, Éni rere sun´´re o.
Ébu rere kója ló si apá kejí odóOjó wo l´a o pàdé iwó òrisá ilé ?Nibó l´a o pàdé iwó òrisá ilé ?O di arinnakó o di oju aláO di okio aláwo ati ti awòrawóO di iwáju Olódùmaré Baba,Ki a to fojú ganni ara wa,Sun`re o, Eni rere sun´re o.

Não se pode confundir Egun e Egungun. Eguns são todos os espíritos de pessoas falecidas. Egunguns são espíritos de sacerdotes e sacerdotisas falecidos, ou seja, pessoas que foram iniciadas no ritual do Orixá ou no próprio ritual de Egungun.

Enquanto no âmbito dos Eguns, existem obsessores, e até mesmo demônios, que viveram e que não viveram, os Egunguns são espíritos antepassados que cuidam em dar continuidade à cultura e às tradições étnicas e tribais, para que seus sucessores (os vivos) tenham a melhor condição de vida possível. Egungun não aceita a mentira e a depravação e tão pouco a corrupção dos costumes e da ritualística. Por esta razão, pouquíssimas são as "casas" de candomblé de Egungun no Brasil, estando restritas à Ilha de Itaparica, na Bahia, em locais conhecidos por "Amoreira" e "Barro Vermelho". No final do século XX e agora no século XXI, algumas tentativas de espalhar o ritual já foram feitas. Algumas com sucesso, outras não. Há que se ressaltar a homenagem ao grande Alagbá Aliba (Eduardo Daniel de Paula) na condução do ritual de Egun em Amoreira. Também destaque para Didi (Deoscoredes dos Santos), o Alapini de Itaparica, no seu trabalho de sucessão do falecido Aliba. Apenas para demonstrar o poder do ritual de Egungun e seus sacerdotes, destacamos da lista de Egungun acima o Babá Bambuxé Adinimodó, que em 1660 foi sumo sacerdote do Quilombo dos Palmares, em Alagoas, e encarregado pelo destino (Odú) de preservar, no Brasil, através dos ensinamentos, a raiz das tradições das diversas tribos africanas, para cá trazidas durante o nefasto tráfico de escravos. Bambuxé foi a alma , o espírito, o corpo e a mente estratégica e espiritual de Palmares, tendo como assessor o Tata Kaundê e juntos deram muito trabalho às investidas dos soldados e comandantes brancos em embates contra as tropas de Palmares. Não teríamos esta relação e este conhecimento, não fossem os ensinamentos místicos que Bambuxê nos legou através dos diversos discípulos que consagrou.

Em nossa visita e vivência em Lagos, na Nigéria, fomos franquiados a constatar e assistir alguns rituais de Egungun, realizadas em pleno dia em praça pública, presenciando as materializações de vários Babás e com eles tivemos a oportunidade de conversar, e trocando idéias, concluímos que eles amam os seus descendentes no Brasil, hoje negros, mulatos, mestiços e brancos. E conforme nos falou Babá Olobogjô e Babá Alapalá não tínhamos ido à África para "catarmos axés" e sim buscar os nossos fundamentos e conhecermos os nossos ancestrais de mais de quatrocentos anos. Para tanto, nos deram roupas, comida e habitação, além de todo conhecimento possível. Com todo orgulho, portanto, criamos esta página em homenagem àqueles que nos possibilitaram existir geneticamente, mantendo o conhecimento da ancestralidade, que nos mantém VIVOS.
Egun ayiê Ixibó Orún Móju Baré!!!Se Alafiá

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